21 de nov. de 2015

Não tem perdedor

Logo que abri a porta e dei de cara com ela, desejei fechar, virar as costas e voltar pra minha cama quente e desarrumada, mas ela me parou. Colocou o pé direito do lado de dentro da porta e quando eu ousei dizer algo ela colocou o dedo indicador nos meus lábios e me pediu silêncio com aquele "shhh" saindo doce da boca vermelha carnuda,  meu vício. Ela encarou meus lábios por uns segundos e subiu para encarar meus olhos. Olhou fixamente e eu me senti envergonhado, com a alma nua e desprotegida frente a alguém que a poucas semanas eu jurava conhecer. Os olhos dela desceram para a minha boca e os meus para boca dela. Ela mordeu o lábio inferior, franziu a testa e eu vi como o corpo inteiro implorou por um pouquinho de mim. Eu não consegui fechar os olhos, os lábios dela foram chegando perto, até que chegaram demais, meus dedos agarraram o cabelo preto enquanto a puxava para o mais perto possível de mim. Não sei dizer quanto tempo durou, talvez uma música inteira, talvez a trilha de um filme bom, só sei que quando o beijo acabou, meus olhos não se abriram, eu inalei um pouco do cheiro dela, o nariz grudado no meu, e eu vi, entre os cílios, aquele sorriso lindo se abrir. Sorriso de vitória, porque era óbvio que eu havia me entregado. Ela suspirou e disse "oi". Foi suficiente para bater a porta atrás dela e apresentá-la a minha cama bagunçada. Eu queria lutar, mas nessa guerra, estaremos sempre do mesmo lado.

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