Como eu te amei, meu Deus. Nas tardes quentes em que a gente passava horas com o ventilador na cara e só os dedos entrelaçados, e nas noites
frias, quando eu te pedia mais um cobertor e no meio da noite você o encontrava no chão do quarto. No seu melhor dia, em que mostrava que me amava só de olhar e no seu pior, quando o silêncio consumia cada espaço do quarto vazio, mas cheio de nós dois. Te amei quando você revirava os olhos e ignorava tudo que eu dizia e quando
me sussurrava besteiras no ouvido, quando me chamava por qualquer apelido
bobo e dizia que eu não era aquilo tudo. Talvez eu não fosse mesmo, e por isso a gente não deu muito certo. Lembra quando tudo parecia terrivelmente lindo e nós dois
parecíamos ter saído de algum livro adolescente? Eu me sentia bonita quando o
vento batia nos meus cabelos lá do alto daquela montanha, onde tudo que eu enxergava tinha a nossa cara. Como eu te amei naqueles dias em que a gente andava sem rumo
debaixo de um sol de rachar e falava da vida, das pessoas, dos sonhos, dos
aviões, dos filmes, das músicas, dos homens, dos deuses e
falava de tanto mais que acabava não falando nada com nada e não tinha problema
porque a importância da coisa era só trocar frases longas e reafirmar
imensidões nas entrelinhas. Quando você enrolou a língua e me ensinou a tomar aquele Whisky ruim e até quando me contou as histórias do livro daquele autor famoso que eu não gosto. Como eu te amei quando você citou aquela
letra do Caetano que hoje me parece a maior estupidez e a maior verdade
de todas. Eu me lembro de você com o ombro encostado na porta do
carro e caindo na real que a gente foi feito pra acabar. Eu chorei depois, parada no sinal, debaixo do chuveiro, com a cara no travesseiro e tô chorando agora, porque realmente tudo tem um fim, isso só não quer dizer que eu vou me esquecer. Isso não quer dizer que o tempo vai curar.
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