4 de jul. de 2016

Até a próxima


Foi a última coisa que ela disse. Um beijo demorado no canto da boca e o último suspiro ao pé do ouvido. Um daqueles longos suspiros após ter seu pulmão invadido pelo cheiro dele. Era fácil perceber a insegurança naqueles olhos. Bastava uma palavra para ela permanecer, mas nada foi dito. Dois anos haviam se passado e depois de ouvir a porta do carro se fechar, ele mal podia imaginar o que faria sem ela. Ele tinha certeza de que teria uma boa vida, retomaria as amizades do passado e as baladas do finais de semana. Voltaria a fumar e aumentaria sua lista de mulheres. Reativaria a conta do Tinder e colocaria insulfilm no carro. A mãe dele iria perder mais algumas noites de sono o esperando chegar. Seria assaltado no final de alguma balada e reprovado em pelo menos duas matérias da faculdade por ter preferido os bares da região. Brigaria com um “amigo” da academia por estar dando em cima dela e acabaria frequentando mais hospitais do que restaurantes. Era tão previsível a vida sem ela, mas estava disposto a arriscar. Se olhou no retrovisor interno, respirou fundo e acelerou.


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