28 de set. de 2015

Estou pronto!

Juro, eu me preparei. Desta vez eu me preparei. Saí com garotas sem nome e sem rosto por esporte, fiz terapia, passei a frequentar sessões religiosas de cinema sozinho, enchi a cara toda quinta-feira à noite e já conheço todos os garçons dos bares da cidade por nome. Tinha absoluta certeza que nos últimos seis meses havia feito um curso intensivo de solteirice e me graduado com louvor. Sabia que se um dia voltássemos a sair, você iria querer me ver diferente. Mais homem que garoto, mais pé no chão que cabeça no céu, mais veia do que versos. Com paciência e cuidado, forjei minha armadura e só te procurei depois de ter convicção que seria casual, de que não ligaria no dia seguinte. Espalhei boias e botes salva-vidas estrategicamente, para pular fora caso algo desse errado. Não me envolveria desta vez, não com você. Honestamente nunca esperei que meu sentimento por você tivesse passado, mas acreditava de verdade que tivesse ido bem na tentativa de comprimí-lo numa porção tão pequena que se perderia na minha corrente sanguínea e não encontraria de novo o caminho até meu coração. Mas a saudade descobriu que fui distraído e havia rachaduras na parte esquerda da armadura que protegia meu peito. Sim, a saudade. É com ela que eu divido a cama nas noites que você não está aqui. Eu estou à deriva. Já perdi o controle do leme há léguas e olha que "légua" nem é unidade de tempo. Estou deixando você me guiar e me levar pra onde quiser. Eu sei do nosso acordo de não-compromisso, sei que prometi solenemente não-envolvimento e em minha defesa te juro que era essa a intenção, mas me perdi na tua maré de sorrisos e agora estou prestes a me afogar na cascata dos teus cabelos. Conheço bem o frio do iceberg que vem à frente, mas apesar disso, não pretendo mudar a direção, nem lançar âncora. Eu embarquei em você outra vez e mesmo sabendo qual vai ser o destino final pretendo ficar. Afinal, capitão sempre afunda com o navio.

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