22 de mar. de 2016

Eu não a esperava

Eu sou suspeito pra falar dela. Posso te alugar os ouvidos a tarde inteira e mesmo assim não vou conseguir esgotar o assunto. Não sei se é apenas amor, mas é todo o bem que ela traz com ela. Entende quando eu digo que ela me faz bem? Não é por causa de uma ligação, um carinho, atenção ou sexo. É isso tudo, e a sensação de que tê-la comigo me faz querer ser alguém melhor. Pra ela, pra mim e pro mundo. Soa muito apaixonado, né? Talvez seja. Talvez seja mais uma das tantas definições que podem ser atribuídas ao falar dela. O começo não foi mil maravilhas como todos aqueles que a gente ouve por aí. Ela era difícil. Não tô falando de “doce”, não. Ela tinha a personalidade muito forte, diferente das meninas com quem eu já tinha me relacionado. Não era de passar a mão na cabeça, caçar elogios para mimar. Era dura quando tinha que ser, me repreendia quando precisava e por diversas apontou meus erros, meu orgulho e meu egoísmo. Eu tinha duas escolhas: saltar fora por não saber lidar com uma mulher assim ou me adaptar ao jeito dela e compreender que tudo aquilo também era pro nosso bem. Acredito que muitas vezes pulamos fora de relacionamentos devido a cobrança ou ao modo de vida do outro. Usamos as desculpas esfarrapadas de sempre para não nos envolver ou terminar pondo sempre a culpa no outro. Nunca é nossa, já viu? Ela me fez encarar o espelho com mais determinação que o normal e conseguir admitir que eu precisava mudar, que eu podia melhorar, que nós só conseguiríamos ir juntos à diante se fosse feito um esforço para a mudança. Talvez, agora, você esteja se perguntando se ela era um poço de perfeição. Não, nunca foi. Ela se cobrava, ela queria poder fazer mais, ela era orgulhosa ao extremo e, às vezes, brigava por qualquer motivo quando as coisas não podiam ou eram feitas do jeito dela. Eu, que sempre gostei de ter a minha rotina, me vi ao lado de alguém que gostava de surpresas, decidia as coisas em cima da hora e era mais intempestiva que chuva de verão. Sofremos juntos até encontrarmos nossos pontos de equilíbrio e caminharmos bem. Foi essa a grande diferença, entende? Nós sabíamos de todas as dificuldades e víamos o quanto éramos diferentes, mas sempre decidíamos optar pela permanência na vida um do outro. Ela despertava o melhor de mim e eu a fazia ser alguém assim também. Eu aprendi gostos, jeitos e decorei olhares. Ela precisou de muito pouco tempo para me decifrar por inteiro. Eu finalmente entendi que o amor é feito na vontade recíproca de querer fazer dar certo. Ela diz o mesmo, mas que já sabia disso antes até de me conhecer. Eu ainda a chamo de “linda” quando quero provocá-la. Ela ainda briga por chocolate na TPM. Nós ainda decidimos, todos os dias, por ficar.

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