Foi a última coisa que ela disse. Um beijo demorado no canto da boca e o último suspiro ao pé do ouvido. Um
daqueles longos suspiros após ter seus pulmões invadidos pelo cheiro dele. Era
fácil perceber a insegurança naqueles olhos. Bastava uma palavra para ela permanecer,
mas nada foi dito. Dois anos haviam se passado e depois de ouvir a porta do
carro se fechar, ele mal podia imaginar o que faria sem ela. Ele tinha certeza
de que teria uma boa vida, retomaria as amizades do passado e as baladas dos finais
de semana. Voltaria a fumar e aumentaria sua lista de mulheres. Reativaria a
conta do Tinder e colocaria insulfilm no carro. A mãe dele iria perder mais
algumas noites de sono o esperando chegar. Seria assaltado no final de alguma
balada e reprovado em pelo menos duas matérias da faculdade por ter preferido
os bares da região. Brigaria com um “amigo” da academia por estar dando em cima
da sua ex e acabaria frequentando mais hospitais do que restaurantes. É ele teria uma boa vida, mas não seria ao lado dela. Ele ligou o carro cantou pneu e ela pôde vê-lo virando a última esquina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário